Europa converteu-se no primeiro colaborador comercial de Marrocos, com um total de transações em 2014 de 29.25 biliões de euros, de acordo com dados da Comissão Europeia. Dentro destas transações Espanha ocupa um lugar destacado, seja pela sua proximidade geográfica ou pela sua tradição comercial, sendo em 2014 o valor das exportações e importações com o país vizinho de quase 6 biliões de euros.
Desde 1996, Marrocos é membro da Euro Mediterranean Partnership (Euromed), um organismo que promove a integração económica e a reforma democrática dos países em torno do Mediterrâneo, desde o Sul da Europa, ao Norte de África e Meio Oriente. Um dos seus objetivos é a assinatura de acordos que permita um modelo comercial satisfatório para todos os membros da região Euromed.
Como é habitual, esta atividade comercial entre Europa e Marrocos traduz-se num maior fluxo de transporte de mercadorias por via rodoviária, uma necessidade que os grandes carregadores para ambos os lados do estreito têm que satisfazer com empresas de transporte especializadas nestas rotas onde são necessárias formalidades aduaneiras e contar com documentação específica.
Perante uma procura que cresce ano após ano em países como França e Alemanha, a Wtransnet conta com uma base de dados de transportadores espanhóis homologados e que, além de serem especialistas em rotas com Marrocos, oferecem serviços de transporte desde e até este país.
É o caso de Castill Cargo SL, uma empresa de Burgos especializada em dar soluções de transporte de qualquer tipo de mercadoria entre Europa e Marrocos. Falamos com Maria Gloria Llama, a gerente, quem nos explica que desde 1990 se dedicam ao transporte de mercadorias com Marrocos porque um cliente assim o requisitou: “Vistas as características do país, consideramos que era necessária uma empresa que atuasse com formalidade e seriedade na hora de transportar as mercadorias de um país ao outro”.
Especializar-se nesta rota, conta-nos Maria Gloria, não é fácil: é necessário conhecer todos os trâmites aduaneiros e ter um correspondente no país que represente ao transportador durante a sua estância em Marrocos. “Depois de tantos anos, vivemos todo o tipo de situações com os agentes de aduanas, o pessoal portuário, circulando pelas estradas do país e inclusive com pessoas que se metem nos camiões para entrar em Espanha de forma ilegal”.
A empresa Vicarli, de Navarra, também optou por abrir rota a Marrocos embora de maneira mais recente. Segundo nos explica Gorka Bengoechea, responsável de tráfego é uma procura que lhe vinham fazendo vários dos seus clientes e que, além disso viram como uma oportunidade estratégica para aumentar a sua carteira de serviços.
Gorka comenta-nos que o que implica maior dificuldade na hora de trabalhar com Marrocos é toda a documentação operacional requerida: aduanas, ferries, gestão de divisas, etc. “Fazer todos os trâmites bem é a chave para desenvolver a atividade e oferecer um bom serviço aos clientes”.
No que concerne às dificuldades que encontraram, os maiores problemas surgiram com danos nas mercadorias ou tentativas de entrada em Espanha a bordo dos seus camiões mas “afortunadamente trataram-se de casos isolados”.
Além disso, adiciona uma recomendação que poderia valer-nos para qualquer tipo de transporte: “Resulta fundamental detetar onde podem estar os problemas na sua operação para tentar pôr-lhes uma solução o quanto antes. Deve existir uma grande coordenação entre todos os agentes implicados para que a produtividade não se veja prejudicada”.