As restrições: até que ponto afetam o transporte rodoviário?

Todos os anos, as transportadoras europeias que precisam de percorrer rotas por todo o continente enfrentam a mesma situação: que restrições de circulação afetam os países por onde devemos passar? Cada estado aplica proibições distintas nas suas estradas e existe uma disparidade significativa entre horários e dias. Também é frequente a introdução de restrições por parte das autoridades locais que, em demasiados casos, são notificadas aos interessados com pouca antecedência.

O estudo recente “Restrições de circulação para veículos pesados na União Europeia”, elaborado pela Comissão Europeia, coloca em evidência estas circunstâncias, além de expor casos reais dos custos gerados por estas proibições em rotas concretas.

A principal conclusão que se pode retirar deste relatório é que as restrições de circulação dificultam o transporte internacional rodoviário de mercadorias, fazendo com que os procedimentos de planeamento dos operadores de transporte sejam mais complexos. Apesar disso, quando elas comunicam bem entre si, os seus efeitos económicos diminuem, limitando-se, segundo o relatório, a 5% no máximo.

Caso não estejam organizadas, os procedimentos de planeamento dos operadores poderão ser gravemente afetados. De facto, toda a cadeia é prejudicada por estas decisões, visto que a logística necessária nas instalações dos destinatários das mercadorias também sofre as consequências que afetam um condutor (e a sua empresa).

Ainda que o estudo especifique que não fez estimativas reais para esta hipótese, alerta para a possibilidade de o custo indireto ser “desproporcionadamente alto”, podendo ocorrer situações em que seja necessário parar uma linha de montagem devido à falta de provisões causada por uma restrição de última hora.

Além destes impactos, detetaram-se outras desvantagens, como o facto de as proibições apenas comunicarem entre si de forma oficial no idioma nativo, o que dificulta ainda mais a receção da informação por parte das transportadoras que não dominem uma determinada língua. O relatório também relembra que são as organizações privadas que, normalmente, difundem os calendários, classificando esta informação, gratuita por meio de outros canais, como «apenas para membros». Considerando que nem todos os operadores de transporte são membros de uma organização, alguns poderiam evitar algumas restrições.

Alerta também que as proibições nos feriados e fins de semana podem ter impactos negativos na segurança rodoviária. A razão de ser destas restrições é facilitar a circulação em determinadas regiões e/ou países em momentos em que haja uma grande quantidade de veículos nas vias. Mas isso implica que uma grande parte das entregas de mercadorias seja feita no início da semana seguinte e que, no caso do transporte internacional, os portes comecem muito antes do fim de semana.

Nos casos concretos em que é necessário fazer entregas à segunda-feira num país com proibições ao fim de semana, podem gerar-se situações de insegurança evidente. A isto une-se o facto de que uma grande quantidade de camiões tem de aguardar na fronteira até ao fim da referida proibição, não estando todas as áreas fronteiriças equipadas para acolher esta massa de veículos.

No momento de propor soluções para todos estes problemas derivados das restrições, o relatório assinala uma série de recomendações, como a informação padronizada e em inglês das proibições de circulação por parte das autoridades competentes, a eliminação ou redução drástica das restrições não organizadas, generalizar e tornar os calendários de proibições mais simples, com datas fixas e não tão alargadas em termos de dias e, acima de tudo, coordenadas com outros países.

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